Depois que eu vim pra Porto Alegre, com 18 anos, que eu comecei aos poucos a ir explorando as coisas que eu mascarava enquanto eu ainda morava com meus pais. E aí quando eu vim pra Porto Alegre, e principalmente quando eu comecei a morar sozinho, que eu comecei a experimentar com coisas que faziam a minha expressão de gênero ser mais o que eu queria mostrar pro mundo, assim, a forma como eu queria me apresentar para a sociedade, me apresentar para mim mesmo, sabe. E isso não só de maneira visual, sei lá, fashion, tipo maquiagem ou botar um vestido, um salto, mas na forma como eu penso, na forma como eu me comporto, na forma como eu sinto e na forma como eu demonstro os meus sentimentos também. Então isso vai além das regras sociais, das construções sociais, de leitura social. Isso me permitiu explorar muito mais a forma como eu sinto, como eu vejo o mundo e como eu vejo a mim mesmo. Então foi mais a menos nessa época que eu comecei a me soltar assim e me libertar.
Eu acho que foi muito de começar a explorar coisas que eu negava pra mim mesmo assim, então eu sempre me forçava a usar uma máscara, a sair na rua de uma forma mais despercebida, invisível. Foi com o tempo que eu comecei a explorar coisas que me eram negadas, que me diziam que eu não podia fazer, como por exemplo usar maquiagem, usar roupas "femininas", sentar de uma determinada maneira, gesticular de uma determinada maneira, falar de um certo jeito. Enfim, coisas que as pessoas sempre colocavam na caixa da mulher e que eu não podia acessar assim sabe. Aos poucos eu fui começando a me abastecer dessas coisas que já tavam em mim desde pequeno na verdade, desde os meus primeiros anos de socialização eu já não tinha essa linha que dividia o masculino, o femininino. Pra mim sempre foi tudo junto dentro de mim sabe, tudo misturado. E foi se tornando uma outra coisa. As coisas que eu tinha uma liberdade de fazer quando eu era pequeno, por exemplo brincar de boneca, enfim, fazer coisas que a sociedade dizia que eu não podia fazer, aos poucos eu fui amortecendo e adormecendo dentro de mim. Até que eu cresci e quando eu atingi a minha independência percebi que ninguém mandava em mim. E só eu mandava em mim mesmo. E aí eu comecei a evoluir isso. No inicio era difícil. Eu saía de casa sempre de cabeça baixa e parecia que o mundo inteiro tava me olhando e o mundo inteiro tava me julgando e talvez fosse, mas foi ali que eu comecei a buscar essa coragem dentro de mim e vim fortalecendo. Pessoas na minha vida me ajudaram nesse momento, tanto no relacionamento que eu tive quanto sei lá... Eu dividia apartamento com meu irmão mais velho e a minha cunhada e ela gostava muito de maquiagem e eu via ela fazendo maquiagem e comecei a aprender com ela também. Às vezes ela via que eu ia sair de casa maquiado e eu saía de cabeça baixa tipo 'tchau, tô saindo'. E aí um dia ela me parou e disse 'tu não precisa se esconder. Tu não precisa se esconder da gente. Tu não precisa se esconder de ninguém. A gente sabe que tu usa maquiagem, a gente sabe que tu se veste do jeito que tu quer e tu não precisa se esconder, seja a pessoa que tu é porque ninguém aqui tá te julgando'. E junto com isso também veio eu contando pra eles que eu tava namorando um menino, eu contando pra minha mãe que eu tava namorando um menino. Tipo.. coisas da sexualidade também, não foi só identidade de gênero que veio, mas descobrir mais sobre a minha sexualidade também, que eu defino como pansexual.
Eu me pronuncio como trans não-binário... Ainda tenho os meus questionamentos assim, não sei, eu tenho refletido bastante sobre essa questão assim, até que ponto eu me aproximo de algo binário sabe, ainda que eu veja que o trans não-binário se adequa mais a mim. Mas eu ainda sou confrontado com muitas dúvidas, por exemplo, pessoas que me chamam por ele, pessoas que me chamam por ela, e eu gosto das duas definições mas ao mesmo tempo eu não sei o quanto eu quero me aproximar mais de 'ela'... Enfim, ainda tá um 'work in progress' assim, sabe.
Eu não acho que exista uma fluidez assim porque eu sou essa pessoa e tipo... eu sou... eu continuo sendo… Essa identidade, sabe, não é algo que muda um dia, muda de uma situação pra outra e tal. Eu acho que muda, mas muda de uma forma ruim… porque às vezes eu saio mais mascarado de "menino" porque sei lá, vou estar em uma situação onde vou me sentir exposto, então às vezes eu sinto que quando existe uma fluidez é pra eu acabar me mascarando assim… Eu sinto também que é muito confortável eu utilizar os pronomes masculinos porque eles foram designados pra mim desde que eu nasci. E eu fui muito condicionado a usar eles, então eu ainda reflito muito com a minha psicóloga por exemplo o quanto eu ainda utilizo esses pronomes ou facetas masculinas porque é algo que eu fui condicionado a fazer e é algo que me deixa num lugar de conforto. Eu ainda me questiono bastante sobre isso. Pessoas mais próximas de mim eu já tenho começado a testar utilizar pronomes femininos pra ver como eu me sinto. Eu tenho utilizado pronomes femininos comigo às vezes também pra ver como eu me sinto e eu me sinto bem, mas… mas eu não sei ainda até que ponto eu to nesse… tô num lado binário pra ser só uma coisa assim, sabe. É muito complexo, é muito abstrato tá, mas é um pouco do furacão que tem na minha cabeça sabe.
A minha família sempre foi muito afetiva, desde que eu era pequeno, então no início era permitido assim brincar e fazer o que eu quisesse. Claro, às vezes tinham comentários tipo 'ah não faz isso, é coisa de menina', 'não gesticula', 'não senta de perna cruzada', coisas assim. As caixinhas foram aparecendo dentro da minha família também, porque é uma família mais tradicional, uma família do interior. Nunca veio de um lugar de ódio, mas de um lugar de aprendizado conservador, né, da forma como eles aprenderam. Então eu acho que no início, claro, essas caixinhas vieram dentro da minha família, mas veio muito mais forte na convivência em sociedade, sabe, como eu comecei a enfrentar preconceito quando eu comecei a receber olhares. Eu acho que o fato de eu ir me fechando tem muito mais a ver com o externo do que com o meu ambiente familiar, até porque eu me fechei muito e eu usei essas máscaras dentro de casa. Eu fiz com que a minha família não entrasse dentro do meu mundo e da forma como eu me expressava, também pra proteger eles e pra me proteger. Então eu também criei essa máscara, vinda de um reflexo de fora, né, da sociedade, e de como as pessoas me viam com desprezo assim, quando eu me apresentava de uma forma que não condizia com o sexo que eu nasci, digamos assim. E agora eu to tendo que fazer o processo inverso que é de me abrir de novo e de colocar as coisas que eu escondi pra fora de novo. Quase como revisitar um pouco dessa liberdade que eu tive na infância. E a minha família tá reaprendendo isso de novo assim sabe. Eles tiveram um contato comigo dessa forma livre e pura quando eu era pequeno e agora eles estão tendo que enxergar isso de novo porque eu to começando a despir as máscaras que eu utilizava. E isso veio junto com a minha independência, que foi sair de casa, que foi estar em um ambiente sozinho mesmo, onde eu pudesse me enxergar, onde eu não precisasse interpretar um papel que eu achava que eu devia interpretar pra proteger as pessoas. Ou enfim, pra não causar estresse, pra não causar trabalho e tal.
Eu tenho três irmãos, é uma família bem grandinha assim. Eu nunca quis ser um estorvo, eu nunca quis ser um problema, sabe. E aí que tá o problema, que é o fato de que eu não sou um problema, sabe. Eu não tenho um problema, eu não sou doente, enfim. E eu demorei muito tempo pra aceitar isso, pra entender isso. Que é o fato de que eu não sou um problema, de que eu sou normal. De que eu não sou diferente, sabe. Coisas assim. Então eu to nesse processo de me normalizar e a minha família tá meio que caminhando junto comigo no processo de normalizar isso também. E tem sido bem produtivo também. Eles já entendem o meu novo nome, mas ainda não se acostumaram.
Eles ainda me tratam pelo meu nome antigo mas é porque a minha mudança de nome foi bem recente. E recentemente que eu conversei com a minha mãe sobre isso. Eu ainda quero retificar meus documentos. Eles ainda me chamam pelo nome antigo o que tudo bem, eu sei que é um processo demorado, mas a partir de agora, porque isso foi bem recente, eu vou começar a corrigir eles pra começar a introduzir meu novo nome assim. Que foi um processo que eu fiz com meus amigos, porque meus amigos me conheceram muitos anos com meu nome antigo e eu sempre relembrando, sempre relembrando eles, então eu percebi que deu certo e que as pessoas eventualmente entendem assim, sabe, se acostumam com o novo nome. No meu novo trabalho já me conhecem pelo meu novo nome, então isso é muito feliz pra mim também.
É um cenário muito triste porque a gente é visto de uma forma muito ruim na maior parte do tempo. A gente mora num lugar muito conservador e eu sinto que o preconceito aqui ainda é muito forte. Mas ao mesmo tempo eu vejo coisas muito positivas acontecendo. Ainda existem alguns espaços que as pessoas podem se sentir bem e podem se expressar, mas eu não sei… Eu sou uma pessoa meio reservada também, né, então eu me protejo bastante assim, do dia-a-dia. Não sei, é complicado, porque às vezes eu recebo coisas muito positivas sendo trans não-binário em Porto Alegre mas às vezes eu recebo coisas muito negativas também, então é uma eterna batalha, sabe, não sei explicar.
É complicado porque eu sinto que eu sou muito mal visto assim na rua, por exemplo, e em alguns espaços que eu frequento tipo… depende, sei lá, se eu vou num bar ou em algum lugar que não tem uma abertura tão grande eu já me sinto muito observado e muito estranhado. Mas às vezes tem coisas positivas que acontecem, tipo pessoas virem falar comigo, pessoas me elogiarem e comunicarem que de certa forma eu inspiro elas também, então... Ai, eu não sei, eu to me complicando um pouco em falar sobre isso porque eu sinto que eu não dei muito rolê sabe, eu sinto que eu fico mais em casa, mais protegido e tal. Porque a minha vida inteira tipo eu sempre fui muito mal visto. É assim como eu me sinto, mal visto pelas pessoas e tal. E é raro às vezes uma pessoa me ver de uma forma boa, mas quando acontece é muito bom.
Acho que [a maquiagem] veio nas minhas primeiras experimentações assim com relação a minha expressão de gênero, que muitas vezes é vista de uma forma mais andrógina, ainda que eu tenha um certo problema com esse termo porque eu acho que às vezes exclui pessoas. Eu tento não ver muito por essa questão da androginia porque às vezes tem muito essa visão de que ou a pessoa nasce andrógina ou ela não é, ou questões de natureza e aí isso já exclui outras pessoas que querem se expressar de uma forma mais "feminina" ou "masculina". Questões que se misturam um pouco com passabilidade assim.E é aquela coisa meio estátua grega, enfim. Uma visão de beleza que eu acho que pode ser ruim.
Comecei a me maquiar muito nessas experimentações assim. Eu gosto muito de drag queens, dois dos meus amigos são drag queens, e eu acompanho eles desde que eles começaram a performar. Eu via eles se maquiando e como eles exploravam isso de uma forma mais artística e eu achava isso muito interessante. Então eu comecei a explorar maquiagem de todas as formas, tanto de uma forma mais artística, quanto uma forma mais de identidade, quanto estética. E aí eu comecei a assistir muitos vídeos de pessoas fazendo maquiagem, falando sobre isso, e a assistir programas sobre isso. E foi virando um gosto meio artístico assim, sabe, de me maquiar. Eventualmente eu percebi também que era muito terapêutico assim, sentar e me maquiar e às vezes passar duas horas fazendo isso e explorando cores e formas e brincando também com roupas e personagens.
Isso veio muito do teatro também na verdade, eu comecei a desenvolver muito a minha maquiagem na época que eu fazia teatro. E eu comecei a maquiar outras pessoas no teatro sabe, na peça que a gente apresentou, nos ensaios, enfim, eu era muito visto como uma referência tipo 'ah pede pro Kim te maquiar, porque ele entende bastante'. Daí eu comecei a passar isso pra outras pessoas e ver que eu poderia contribuir também com a maquiagem para que as pessoas construíssem os seus próprios personagens e pra que eu também construísse os meus personagens e adquirisse outras formas. Aí eu comecei a experimentar com isso mais ali quando eu tinha uns 20 anos de idade e isso só cresceu.
Eu me maquio mais nos finais de semana, ou quando eu tenho alguma ocasião, ou quando eu quero experimentar alguma coisa nova. Agora comecei a gravar vídeos também pro instagram, porque eu quero mostrar um pouco desse processo pras pessoas de formas diferentes. Às vezes uma maquiagem mais dramática, às vezes uma maquiagem mais natural, às vezes uma maquiagem mais roxa, rosa ou azul. Eu comecei a fazer vídeos sobre isso e postar no instagram porque eu também queria documentar um pouco pra eu ver o quanto eu tenho evoluído nesse aspecto. E também porque eu gosto de mexer muito com edição de vídeo, então já tá meio que satisfazendo um outro hobbie que eu tenho, que é de captar e editar. E quem sabe o que isso vai virar ainda né.
Eu também uns tempos atrás tava pensando em criar uma persona assim, tipo como os meus amigos que são drags, sabe, criar uma persona meio voltada pra isso. Mas de uma forma que eu possa explorar maquiagem dentro disso também, de uma forma que eu possa também começar a fazer performance, porque eu sinto falta de estar no palco, eu sinto falta de ensaiar e de construir uma cena e de criar uma história. A maquiagem tem suprido bastante isso e talvez seja muito aliada nesse novo processo que eu to de construir personagem e pensando em performance assim.
Minha relação com o meu corpo é bem positiva. Eu identifico muitos problemas com relação ao corpo vendo histórias de outras pessoas e como elas às vezes enfrentam muitos problemas com seu próprio corpo, e eu tento aprender com essas pessoas a me ver de uma forma positiva sabe, então eu sempre tentei me ver de uma forma muito positiva. Claro, tem coisas no meu corpo que ainda me deixam desconfortável, mas eu tento olhar para os pedacinhos do meu corpo com amor assim. E cuidar do meu corpo que é a minha casa. E isso veio muito na minha adolescência, porque com 16 anos eu tive uma crise de ansiedade que virou uma crise de pânico muito forte e isso me mudou bastante assim, porque eu comecei a pensar muito na morte e no envelhecimento e, enfim, eu sou hipocondríaco então eu tenho muitos medos internos com meu corpo. Acho que é por isso que eu não vejo muitos problemas no meu corpo físico, externamente, mas sim no meu físico interno. Tenho diversos medos e paranoias com o que se passa dentro do meu corpo. Eu trabalho muito para não ter medo, não para não ter medo, mas para lidar com a minha ansiedade de uma forma melhor. Porque sim, eu tenho um transtorno de ansiedade, então às vezes eu tenho crise, eu tomo medicamento antidepressivo para ter a química do meu cérebro bem balanceada para eu não ter crises. E as minhas crises acabam evoluindo para processos de depressão, então eu já passei por tudo isso no passado, mas ultimamente eu tenho me sentido muito bem porque eu estou tratando isso de forma psíquica e psicológica. Então a minha relação com o meu corpo é boa nesse sentido físico externo. Físico interno eu ainda tenho que melhorar, mas é isso assim, eu me enxergo de uma forma positiva.
Eu internalizei muitas coisas durante a minha vida e essas coisas têm que sair para fora de algum jeito, sabe. Quando eu tive a minha primeira crise quando eu era adolescente foi bem marcante e vem muito de acumular coisas para dentro de si, de passar por processos de estresse. E o gênero entra muito nessa discussão porque eu me impedia de expressar o meu gênero, logo eu acumulava coisas dentro de mim que me estressavam. E isso continua perdurando agora de uma outra forma, que é a forma onde eu expresso o meu gênero. E eu sou confrontado pelas pessoas em sociedade, sabe, pessoas que me vêem de uma forma ruim, que me tratam de uma forma desrespeitosa, isso também gera noites sem conseguir dormir direito, estresse, ansiedade... Então eu continuo ainda lutando para controlar a ansiedade. Tem muito a ver com a forma como eu expresso. Então às vezes para sair de casa eu me sinto ansioso, convivendo em sociedade eu me sinto ansioso, tudo isso vai acumulando e vai dando gatilhos para que eu possa vir a ter uma crise de ansiedade ou de pânico num momento onde eu nem espero, porque é assim que a crise se manifesta na minha vida. São em momentos onde, sei lá, eu to sozinho e vem tudo junto assim sabe.
E ter esses sintomas físicos da ansiedade me atrapalha muito porque, como eu sou hipocondríaco, eu tenho muito medo de doenças, de morrer, de passar mal, de desmaiar, de um monte de coisas que são paranoias que se construíram ao longo da vida. Então no fim o fato de eu estar sendo a pessoa que eu sou e mostrando essa pessoa pro mundo também me machuca, porque faz com que eu seja atingido de várias formas negativas pelas pessoas também e isso vai se transformar depois em uma crise.
Eu aprendi muito bem a lidar com isso e aceitar isso como parte de mim. Então eu acho que é o mais importante assim, se tu tem um problema como a ansiedade, como a depressão ou qualquer outro problema psicológico, tu aceitar e achar mecanismos e formas de ficar bem. Porque por muito tempo eu ficava brabo tipo 'porque que eu tenho ansiedade? porque eu sou assim?', mas isso não resolve. Tu tem que ser forte.
Sendo um pouco caótico agora (risos), eu acho que o futuro do gênero é destruir o gênero. Enfim eu já me deparei com alguns conceitos e até tem uma artista que eu gosto muito, que ela se considera pós-binária e eu acho isso muito legal, ela fala muito sobre a destruição do gênero e eu acho isso muito interessante.
Mas eu acho que o futuro do gênero é realmente mostrar para as pessoas que elas tem uma mente também. O futuro do gênero é as pessoas entenderem que elas têm uma mente muito ampla e que pode revelar muitas coisas a ver com comportamento, expressão, sentimento, enfim, que não tá tudo atrelado a algo muito fatal como a biologia assim. Então eu acho que o futuro do gênero é realmente expandir mentes, expandir mentes e corpos e fazer com que a gente não seja mais uns neandertais de não conhecer o próprio corpo, de ficar se castrando assim diante de tanta coisa. Eu acho que o futuro do gênero é realmente libertar.
Conheça o seu corpo, ame o seu corpo. Conheça a sua mente, ame a sua mente. Conheça a sua voz, ame a sua voz. Ninguém tá sozinho.
Eu acho que eu tenho uma visão muito realista e isso às vezes pode acabar sendo um pouco pessimista, porque a realidade é péssima. Mas antes de reforçar a felicidade que essa pessoa pode ter e a liberdade que ela pode encontrar qualquer seja o seu processo eu acho que primeiro a pessoa tem que reconhecer que ela vai passar também por muita dor e por muitos momentos talvez de isolamento e de se sentir sozinha. E esses momentos também são muito importantes, são tão importantes quanto a felicidade. Nesses momentos tu vai descobrir muita coisa sobre si próprio e isso vai te fortalecer, e isso vai te encorajar. O importante é que tu não desista, o importante é que tu sempre se coloque em primeiro lugar e que tu busque se libertar pra realmente ser a pessoa que tu se sente sendo. E os momentos ruins vão passar e quando chegar nos momentos bons vai ser melhor ainda. Mas enfim as pessoas tem que valorizar todos os sentimentos que elas têm, a tristeza é tão importante quanto a felicidade e ela pode revelar coisas muito importantes. Mas a moral é que a gente só tem uma vida e a vida que a gente tem é essa e a gente só tem uma chance e a chance que a gente tem é essa. E se a pessoa não fizer nada, passou.
Eu tenho essa quase responsabilidade de não tornar a realidade falsa, sabe, de realmente tocar na realidade e viver ela sabe. Porque eu passei muito tempo mascarando as coisas, então não adianta eu ficar tentando entrar num novo processo e mascar ele com felicidade, infelicidade com felicidade. Porque não é só a felicidade que traz insight, não é só a felicidade que traz consciência, não é só a felicidade que traz coisas boas também. Eu acho que em momentos de tristeza e de solidão e de qualquer sentimento que se possa sentir são momentos muito importantes assim pra construir uma pessoa.
Eu acho que eu tenho uma visão muito realista e isso às vezes pode acabar sendo um pouco pessimista, porque a realidade é péssima. Mas antes de reforçar a felicidade que essa pessoa pode ter e a liberdade que ela pode encontrar qualquer seja o seu processo eu acho que primeiro a pessoa tem que reconhecer que ela vai passar também por muita dor e por muitos momentos talvez de isolamento e de se sentir sozinha. E esses momentos também são muito importantes, são tão importantes quanto a felicidade. Nesses momentos tu vai descobrir muita coisa sobre si próprio e isso vai te fortalecer, e isso vai te encorajar. O importante é que tu não desista, o importante é que tu sempre se coloque em primeiro lugar e que tu busque se libertar pra realmente ser a pessoa que tu se sente sendo. E os momentos ruins vão passar e quando chegar nos momentos bons vai ser melhor ainda. Mas enfim as pessoas tem que valorizar todos os sentimentos que elas têm, a tristeza é tão importante quanto a felicidade e ela pode revelar coisas muito importantes. Mas a moral é que a gente só tem uma vida e a vida que a gente tem é essa e a gente só tem uma chance e a chance que a gente tem é essa. E se a pessoa não fizer nada, passou.
Eu tenho essa quase responsabilidade de não tornar a realidade falsa, sabe, de realmente tocar na realidade e viver ela sabe. Porque eu passei muito tempo mascarando as coisas, então não adianta eu ficar tentando entrar num novo processo e mascar ele com felicidade, infelicidade com felicidade. Porque não é só a felicidade que traz insight, não é só a felicidade que traz consciência, não é só a felicidade que traz coisas boas também. Eu acho que em momentos de tristeza e de solidão e de qualquer sentimento que se possa sentir são momentos muito importantes assim pra construir uma pessoa.
Kim Flores.
1994.
Formada em Design Gráfico e apaixonado por maquiagem.
Divido minhas experiências através da fotografia e o audiovisual.
Trans não binário.
Qualquer pronome.
@kimfloresx
*ensaio realizado em Porto Alegre (RS) em Março de 2020.
1994.
Formada em Design Gráfico e apaixonado por maquiagem.
Divido minhas experiências através da fotografia e o audiovisual.
Trans não binário.
Qualquer pronome.
@kimfloresx
*ensaio realizado em Porto Alegre (RS) em Março de 2020.
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Esse projeto é feito por mim, Gabz. Sou uma pessoa trans não-binária e busco não só retratar mas também abrir um espaço onde outras pessoas trans possam contar suas histórias, pra dar suporte pra nossa própria comunidade. Depois de muito sofrer com a carência de referências de narrativas trans que me contemplassem percebi que essas pessoas existem e sempre existiram, porém por motivos CIStêmicos as poucas vezes que temos oportunidade de contar quem somos acaba sendo através da lente de pessoas que não sabem como é a nossa vivência. Comecei esse projeto por urgência.
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