[English version bellow]


Esse projeto nasceu da urgência pela representação.
Não pela representação de um ideal a ser seguido, mas exatamente pela quebra de um padrão socialmente imposto que torna tantos corpos clandestinos. Nasceu para quebrar o mito de que um corpo - ou ser - precisa ser alcançado, conquistado, encaixado. Mito esse que atinge todo mundo mas principalmente jovens numa fase tão delicada das suas vidas que é o descobrir de uma identidade própria.

Esse projeto é uma busca por um eu perdido, por algo que me faltou durante o desenvolvimento. Esse projeto é sobre mim. Esse projeto é sobre essas pessoas. É para mostrar que nós existimos como trans, mas não somos só isso. As histórias aqui contadas tem tudo de similar e tudo de diferente. São similares no processo de se afastar de uma cisnormatividade e portanto, se aproximar do que chamamos de transgeneridade. O ser através da negação (o que não somos) é reivindicado e ressignificado, para afirmar o que de fato SOMOS.

SER TRANS vai para além de uma roupa, de um estilo, de um modo de vida, de uma reunião de pessoas, de uma comunidade. Nossas histórias individuais compõem um mosaico de similaridades, mas continuam sendo possíveis de existência quando retiradas desse meio.

SER TRANS nasceu do cansaço da representação que nos resume só a isso. Como se "só" isso fosse pouco, como se fosse passível de encontrar uma definição em um dicionário. Como se fosse algo sólido, sintético, pronto para ser engolido e incorporado como um programa de computador. Nasceu do cansaço de tabelas de passabilidade, checklists para saber se você está sendo trans "do jeito certo", da busca constante por feridas na infância para explicar a própria existência, como se existir dessa forma fosse doentio. Nasceu do cansaço da cultura de cultivo ao ódio do próprio corpo para ser aceito ou aceita.

SER TRANS nasceu também do amor. Do encontro. Entre um eu e um espelho, um corpo no mundo, uma voz, um outro indivíduo, um coletivo. Uma comunidade. Nasceu do prazer de se sentir completo e pertencente. De finalmente ouvir sua voz e se reconhecer. De olhar em volta e ver outros corpos e corpas ocupando espaço. Nasceu do brilho no olho dos dias felizes. Nasceu do momento em que se percebe que se é.

As histórias aqui apresentadas são reais. São inspiradoras. São individuais. São pessoas incríveis que tive o prazer de conhecer, que abriram a porta e o coração para mim. São pessoas fortes que tiveram que enfrentar diferentes tipos de opressão para simplesmente ser. São histórias não lineares com diversos elementos comuns e outros contraditórios. Porque somos um organismo, mas somos vários. Somos micro e macro, coexistindo em diversas realidades paralelas, unidas por alguma força vital.

Esse projeto é um caminho de materialização de vivências transgêneras marginalizadas por um cistema binário e cruel. É uma transgressão à normatividade, é um grito de EU EXISTO. É um abraço apertado de quem finalmente se encontra.

Que essas pessoas sejam vistas e ouvidas, para que outras pessoas possam ser vistas e ouvidas.






MANIFESTO | English Version 

This project was born out of the urgency for representation. Not the representation of an ideal to be followed, but rather the breaking of a socially imposed standard that produces so many clandestine bodies. It was born to break the myth that a body - or being - needs to be reached. conquered, embedded. This myth affects everyone, but especially young people at such a delicate stage in their lives that it is the discovering of their own identity.

This project is a search for a lost self, for something I lacked during development, This project is about me. This project is about these people.

It is to show that we exist as TRANS, but we are not only this. The stories contained here have everything similar and everything different. They are similar in the process of distinguishing from a cisnormativity and therefore, approaching of transgenderness. The existing through the denial (what we are not) is claimed and reframed, to indicate what WE ARE

SER TRANS (being trans) goes beyond clothing, a style, a way of life, a gathering of people, a tribe or community. Our individual stories compose mosaic of similarities, but they are still possible to exist when alone.

SER TRANS (being trans) was born from the tiredness of a representation that sums Es up to that, As if Just" that would be little, as if you could find a definition in dictionary. As Ir it were something solid, synthetic, ready to be swallowed and a incorporated like a computer program. It was born from the tiredness of passability tables, checklists to know if you are being trans in the right way from the constant search for wounds in childhood to explain your own existence, as it existing in this way was sick. It was born from the tiredness of the culture of cultivating hate of one's own body to be accepted or acoepted.

SER TRANS (being trans) was also born out of love. From the encounter. Between a self and a mirror, a body in the world, a voice, another Individual, a collective. A community. It was born from the pleasure of feeling complete and belonging. To finally hear your voice and recognize yourself, To look around and see other bodies taking up space. It was born from the glow in the eye of happy days. It was born from the moment you realize you are.

The stories presented here are real. They are inspiring. They are Individual. They are from incredible people that I had the pleasure of meeting who opened the door and the heart for me. They are strong people who have had to face different types of oppression to simply be. They are non-linear stories with several common and other contradictory elements. Because we are an organism, but we are several. We are micro and macro, coexisting in several parallel realities, united by some vital force.

This project is a way of materializing transgender experiences marginalized by a binary and cruel system. It is a violation of normativity, it is a shout of I EXIST. It is a tight hug from those who finally meet.

May these people be seen and heard, so that other people can be seen and heard.





Esse projeto é feito por mim, Gabz. Sou uma pessoa trans não-binária e busco não só retratar mas também abrir um espaço onde outras pessoas trans possam contar suas histórias, pra dar suporte pra nossa própria comunidade. Depois de muito sofrer com a carência de referências de narrativas trans que me contemplassem percebi que essas pessoas existem e sempre existiram, porém por motivos CIStêmicos as poucas vezes que temos oportunidade de contar quem somos acaba sendo através da lente de pessoas que não sabem como é a nossa vivência.
Eu ofereço todo esse conteúdo de forma gratuita, pois não quero privilegiar o acesso só para quem pode pagar. Porém, para que esse projeto continue, eu preciso da sua ajuda. Compartilhe em suas redes sociais! Se você tiver condições financeiras, você pode também fazer uma doação única ou recorrente. Até mesmo 1 real já ajuda a tornar esse projeto possível. Me ajude a nos ajudar!
This project is made by me, Gabz. I am a non-binary trans person and I seek not only to portray but also to open a space where other trans people can tell their stories, so to support our own community. After suffering from the lack of trans narrative references that I could mirror myself, I realized that these people exist and have always existed, but for CISthemic reasons the few times we have the opportunity to tell who we are ends up being through the lens of people who can't comprehend our living experience in these bodies.
I offer all this content for free, as I do not want to privilege access only for those who can pay. However, for this project to continue, I need your help. Share on your social networks! If you have financial means, you can also make a single or recurring donation. Even $1 already helps make this project possible. Help me help us!

You may also like

Back to Top